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Araras do Paiaguás dispensam caixotes

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Essas barulhentas máquinas atraem as nossas barulhentas amigas azuis

 

Como todo piloto de avião, caminhoneiros, tratoristas e rabeteiros no Pantanal, essas barulhentas mobilidades que cruzam e recruzam na seca e na cheia, já observaram que o Paiaguás é a região com o maior número de araras azuis do mundo.

Essas barulhentas máquinas atraem as nossas barulhentas amigas azuis, que a cada trecho, vão mudando de grupo e vem alegremente saudar e acompanhar, com muito barulho, por um pedaço do caminho.

Ao pousar um avião em qualquer fazenda do Paiaguás, aparecem as araras para também fazer sua saudação, se o avião for azul a festa de recepção durará mais tempo.

No início dos tempos de descobrimento do Pantanal, havia intenso contrabando dessas aves, mas nunca se chegou ao ponto de extingui-las, principalmente no Paiaguás, e onde se sentiam protegidas dos arareiros e arareiras elas se mudaram, de mala e cuia, para as sedes das Fazendas.

Os primeiros estudiosos certamente perceberam a intensa simbiose entre as araras azuis e o gado, e também os peões do Pantanal, que logo mostrarem os ninhos que ocupavam numa árvore muito pródiga de ocos, o manduvi.

Ao descobrirem nalguma Fazenda um cocho de manduvi, madeira mole e fácil de cavucar , descobriram que esse poderia ser o aspecto negativo, que lhes permitiria “salvar” as araras dos pantaneiros preguiçosos que lhes destruíriam os ninhos.

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Que felicidade! O sempre sacrossanto espírito de porco humano, encontrara a veia fácil do maniqueismo para transformar em lucro próprio, a pregação do Inferno no Paraíso.

No Paiaguás não se fazem cochos de manduvi, e mesmo o mais preguiçoso tem habilidade suficiente para transformar piuvas caídas em cochos de sal, tenho alguns com fundura e tamanho para comportar muito sal que foram escavados a machado e enchós há bem mais de seis décadas.

Quanto aos ninhos conheço manduvis que possuem ninhos permanentes ocupados, também há décadas por araras azuis nas suas épocas anuais de reprodução.

Aqui no Paiaguás temos o semi epifismo das figueiras que se apoiam em acuris, aguassus, carandás, bocaiuveiras para se ergueram frondosas, quando eventualmente estrangulam e matam a hospedeira temos a situação ideal para os ninhos das araras.

Tínhamos na Fazenda São Luiz um lindo capão limpo de acuris, hoje um bosque de figueiras…e de araras azuis…

No Paiaguás, não temos o glamour das Fazendas da Nhecolândia, mas seguimos ensinamentos de Gabriel Vandoni de Barros, que expulsou com sua peculiar doçura no trato, aquelas vistosas caminhonetes e garbosos uniformes com logotipos, disse-lhes o nosso venerando Dr Gabi : “- Aqui nesta Fazenda Campo Neta, não permitirei estes caixotes para araras, aqui respeitamos sempre, as Leis da Natureza.”

Abençoado Paiaguás, com sua abundância de araras que a própria natureza, ao não ter filhotes molestados e desrespeitados, escolhem este lugar para viverem e procriarem sem serem molestados por esse “big brother” pretencioso e anti natural..

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Armando Arruda Lacerda

Fazenda São Luiz

Foto e vídeo das araras azuis da Fazenda São Miguel do Paiaguás por Antônio Carlos Leite de Barros

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