Com o envelhecimento populacional e a digitalização crescente, compreender e atender esse público será, cada vez mais, a chave para o sucesso nas próximas edições da Black Friday
Crédito: Istock/blackCAT
A Black Friday, ao longo do tempo, sobretudo com o crescimento do e-commerce, acabou se popularizando em muitas regiões do Brasil. No entanto, uma tendência que passou a ser observada nos últimos anos é o crescimento da participação da geração 45+, formada por profissionais mais experientes, economicamente ativos e digitalmente conectados.
Esse fenômeno acabou revelando o poder da chamada economia prateada. De fato, com mais tempo, renda e discernimento, esse público tende a redefinir os padrões de consumo, além de pressionar o mercado a se adaptar a novas expectativas na produção de valor e experiência.
O que é economia prateada e por que ela cresce no Brasil
Em síntese, a economia prateada é um conjunto de atividades econômicas, culturais e sociais que giram em torno da população 45+. Nesse contexto, o conjunto não se limita somente a aspectos ligados ao consumo.
Portanto, engloba todo um ecossistema que envolve outras variáveis, como educação, saúde, lazer, moradia, tecnologia, previdência e até mesmo a própria organização dos espaços urbanos.
As estimativas internacionais, inclusive, indicam que a economia prateada, ou silver economy, movimenta trilhões de dólares anualmente, influenciando cadeias produtivas inteiras, da tecnologia à saúde, do turismo ao entretenimento. No Brasil, o fenômeno é igualmente expressivo.
Conforme dados do Estadão, o consumo dessa população já ultrapassa R$ 2 trilhões anuais, consolidando-se como uma força pujante da economia nacional. Esses dados vão ao encontro do levantamento realizado pelo Data8, intitulado “Mercado prateado: consumo dos brasileiros 50+ e projeções”.
O estudo mostrou que essa categoria movimentou R$ 1,8 trilhão em 2024, montante que equivale a 24% de todo o consumo privado. A expectativa é de que em 20 anos esse valor chegue a R$ 3,8 trilhões. O avanço está ligado, sem dúvidas, à transição demográfica brasileira.
Além disso, sem cometer nenhum tipo de anacronismo, a critério de analogia, o aumento da expectativa de vida e os avanços na medicina preventiva fazem com que o público 45+ se mantenha mais saudável, ativo e conectado quando comparamos com o século passado.
Black Friday 2025 reforça protagonismo do público 45+
Para a edição de 2025 da Black Friday, pesquisas recentes indicam que os consumidores acima de 45 anos lideram as intenções de compra, superando as faixas etárias que são tradicionalmente associadas às compras online.
Pesquisa realizada pelo Kwai, por exemplo, mostrou que 84% dos entrevistados pretendem realizar compras na Black Friday 2025, sendo que 42% devem optar por transações em lojas online. Além disso, entre eles, 55% encontram-se na faixa de 25 a 45 anos, enquanto 30% dos entrevistados possuem mais de 45 anos.
Entre as categorias que mais atraem esse público, estão as mercadorias e os serviços voltados à saúde e ao bem-estar, com destaque para suplementos alimentares, gadgets de monitoramento e dispositivos de autocuidado.
Beleza premium, viagens e tecnologia com usabilidade simplificada, como smartphones e wearables com interfaces intuitivas, também integram os pacotes de busca. Nesse ano, assim como nos anteriores, a economia prateada deverá se destacar, acompanhando as tendências desse tempo histórico.
Tendências e oportunidades da economia prateada no consumo
Não há dúvidas de que um dos principais fatores em termos de tendência é o avanço da digitalização. Embora exista um estereótipo ligado ao senso comum, a realidade atualmente é de que o público 45+ está cada vez mais no mundo digital, seja usando aplicativos sociais ou de consumo, acompanhando promoções por redes sociais, utilizando carteiras digitais, entre outros.
A Geração X (45 a 60 anos) já responde por cerca de 25% dos gastos globais em produtos de beleza, um exemplo de como existe a movimentação de um nicho inteiro de mercado. Nesse nicho em específico, conforme dados da Redirection International, estima-se que o segmento deve ultrapassar a casa dos US$ 40 bilhões até 2027, sobretudo pelo crescente processo de autocuidado e pela entrada de novos perfis consumidores como esse.
No geral, esse contexto faz com que as marcas reformulem suas estratégias mirando nesse público, na expectativa de absorvê-lo em uma série de outros nichos. No fim, o protagonismo do público 45+ sinaliza uma economia mais diversa e consciente nessa Black Friday.
O valor, nesse contexto, não se refere somente à instância da precificação, mas também à experiência e à relação entre marca e cliente. O desafio e, acima de tudo, a oportunidade para as empresas encontram-se no reconhecimento de que o envelhecimento populacional acompanha o crescimento da digitalização.
