Educadores revelam os temas mais recorrentes e estratégias infalíveis para otimizar o desempenho em Física na prova
São Paulo, setembro de 2025 – A cada edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Física se consolida como uma das áreas que mais exigem interpretação e domínio dos conceitos científicos aplicados do que fórmulas básicas. São aproximadamente 15 questões da disciplina na prova, que costumam combinar raciocínio lógico com conhecimento conceitual.
Para ajudar os candidatos a entenderem como essa área do conhecimento é abordada na prova, quatro educadores compartilham orientações, conteúdos-chave e dicas de preparação.
Como a disciplina costuma ser cobrada na prova?
“Em geral, o Enem privilegia aplicações práticas da Física”, observa Caio Salute, docente da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri/SP. “As perguntas costumam trazer situações do cotidiano, como movimento de veículos ou sobre energia em processos industriais, e exigem que o aluno conecte teoria e prática”. Para Salute, entender o cenário apresentado pelo enunciado e identificar quais leis físicas se aplicam para a situação problema é o primeiro passo para não se perder em cálculos prolongados.
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Quais são as matérias e conteúdos que mais costumam aparecer na prova
Nos últimos cinco anos, a Física no ENEM tem focado em temas que se relacionam diretamente com o cotidiano em situações-problema que envolvem: mecânica (cinemática e dinâmica de corpos e sistemas), conservação e transformações de energia (trabalho, potência e termodinâmica), eletricidade e eletrodinâmica (dimensionamento e análise de circuitos), fenômenos ondulatórios e interação radiação–matéria (incluindo óptica).
“Vale ressaltar que leitura e interpretação de informações em gráficos, tabelas e esquemas nunca ficam de fora. O exame busca aplicar esses conceitos em contextos práticos e interdisciplinares, desafiando os estudantes a raciocinar e não apenas a memorizar fórmulas, as questões aparecem em contextualizações que valorizam a abordagem CTSA (Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente), relacionando os impactos da ciência e da tecnologia na sociedade, mostrando como o desenvolvimento científico não é neutro, mas influenciado por contextos sociais, econômicos, ambientais e éticos”, afirma a professorada Escola Bilíngue Aubrick, Kharyna Rodrigues.
A docente aposta que os conteúdos abaixo podem cair na prova e merecem atenção.
Mecânica: o tópico mais recorrente, envolve conhecimentos de Cinemática e Dinâmica (estudo dos movimentos, leis de Newton, trabalho e energia);
Estática e Eletricidade: com presença significativa, aborda conhecimentos sobre circuitos elétricos, potência, resistência e energia elétrica;
Ondulatória: com foco nos fenômenos ondulatórios (reflexão, refração, difração) e acústica;
Termologia: que explora a calorimetria, termodinâmica e trocas de calor;
Óptica: aparece com frequência, especialmente em questões sobre lentes, espelhos e a formação de imagens em situações do cotidiano;
Eletromagnetismo: tem aparecido menos em questões que exigem cálculo, como os de campo magnético ou indução eletromagnética e muito mais em aplicações tecnológicas.
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O que os alunos precisam saber para conseguir responder as questões?
“É fundamental compreender a origem e aplicação de fórmulas, e saber qual usar em cada situação”, explica Diogo Broch, docente do colégio Progresso Bilíngue Taquaral, de Campinas/SP. Segundo ele, treinar a interpretação de gráficos e tabelas antes da prova também é determinante: “O Enem frequentemente apresenta dados em tabelas e pede que se faça inferências simples antes de aplicar a fórmula ou expressão matemática”.
Segundo o docente, as fórmulas mais pedidas para resolver as questões de física da prova são:
v = λ ⋅ f (Comportamento e propagação das ondas)
P = V.i (Potência elétrica consumida por um circuito ou dispositivo)
Q = mc∆t (quantidade de calor para variar a temperatura de uma substância)
P = m.g (Força Peso, que descreve a força de atração gravitacional sobre um corpo)
Fel = k.x (Força Elástica, que descreve a força exercida por uma mola)
V = R * I (Primeira Lei de Ohm, que estabelece a relação entre tensão, resistência e corrente em um circuito elétrico)
v² = vo² + 2 * a * Δs (Equação de Torricelli, que calcula a velocidade final de um objeto)
Ec = mv2/2 (Energia Cinética).
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Dicas para gabaritar a parte de Física
Para Renato Shiotuqui, professor de Física do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP, a organização do tempo de prova faz toda a diferença: “Comece pela leitura atenta de cada enunciado, sublinhando dados relevantes e riscando informações irrelevantes. Depois, identifique o princípio físico envolvido e só então parta para resolver a equação”.
Para se preparar até o dia da prova, outras recomendações são:
Faça mapas mentais de fórmulas: organize-as por áreas (mecânica, termologia, óptica etc.) para consultas rápidas durante a revisão;
Responda provas anteriores: isso ajuda a se acostumar com o estilo de perguntas e o nível de complexidade;
Treine questões discursivas: mesmo que o Enem seja de múltipla escolha, reler o raciocínio ajuda a consolidar conceitos.
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O Enem
A prova foi criada pelo Ministério da Educação em 1998, para avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros ao final da educação básica. Com o passar dos anos, o Enem teve sua metodologia aperfeiçoada e atualmente é requisito obrigatório para acesso a programas educacionais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Este ano, as provas serão aplicadas nos dias 09 e 16 de novembro, dois domingos seguidos. No primeiro dia de prova, os alunos realizarão as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira/Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) e Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias (compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia).
No segundo dia, as provas serão de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (compreende Química, Física e Biologia) e Matemática e suas Tecnologias. O certame registrou mais de 5,5 milhões de inscrições, de acordo com o Ministério da Educação – número que supera a edição anterior de 2024, com aumento de 8% no número de inscritos.
Os especialistas
Diogo Broch Canola é formado pela Unicamp, professor com experiência em diversas áreas da educação, desde o Ensino Fundamental II até o ensino superior, com participações em olimpíadas nacionais e internacionais de física.
Caio de Oliveira Salutte é professor de Física e mestre em Física Nuclear. É apaixonado por ciência, educação e jogos de tabuleiro. Busca tornar o ensino de Física mais acessível, envolvente e próximo da realidade dos alunos. Acredita que a curiosidade é fundamental para a aprendizagem e utiliza métodos que estimulam o pensamento crítico e a participação ativa em sala de aula. Comprometido com a formação de estudantes curiosos e criativos, valoriza o intercâmbio de ideias e o prazer de aprender.
Renato Shiotuqui é licenciado em matemática pela Faculdade de Guarulhos. Atua como professor de física e matemática, acumulando mais de 29 anos de experiência lecionando em
escolas da rede privada e cursos pré-vestibulares.
Kharyna Rodrigues é graduada em Física e pós-graduada em Neurociência, apaixonada pela Educação e pelo desafio de tornar a aprendizagem mais acessível e significativa. Movida pela resistência que muitos estudantes demonstram diante da disciplina, aprofundou-se no estudo de como o cérebro adolescente aprende e atualmente, além de lecionar Física na escola Aubrick, em São Paulo, atua na implementação de projetos educacionais fundamentados na neurociência, com o objetivo de tornar o ensino de Física mais orgânico, humano e transformador.
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Daniela Nogueira