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O Tabuleiro Infinito: Quando as Peças Encontraram o Próprio Rei (por Tácito Loureiro)

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Mato Grosso do Sul, 2026. Um estado onde o xadrez era uma metáfora viva do poder centralizado: todas as partidas importantes aconteciam em Campo Grande, sob o domínio do Grupo Enigmático de Xadrez, liderado pelo enigmático Mestre Kovalski, um homem que acreditava que a “ordem” só existia quando as peças seguiam um único rei. Nas cidades do interior — Corumbá, Dourados, Ponta Porã —, o xadrez era visto como um esporte distante, elitista, quase proibido. Até que um dia, uma jogada inesperada quebrou o equilíbrio do tabuleiro.

Isabela Santos, uma jovem de 16 anos de Aquidauana, filha de pantaneiros, descobriu o xadrez por meio de um livro abandonado em uma biblioteca comunitária. Autodidata, começou a jogar com os vaqueiros e pescadores, desenhando tabuleiros na terra. Quando tentou inscrever-se no Torneio Estadual em Campo Grande, foi barrada: “Sem aval do Grupo Enigmático de Xadrez, não há jogo”. A revolta silenciosa de Isabela tornou-se o movimento “Xeque-Mate à Centralização”.

Isabela usou redes sociais para conectar jovens de cidades esquecidas. Criou um grupo clandestino: “Os Peões do Pantanal”. Eles organizaram torneios em praças, estábulos e até em canoas no Rio Paraguai. Cada partida era transmitida ao vivo, desafiando a narrativa de que “xadrez só tem nome com estrutura”. A primeira vitória simbólica veio quando Lucas, um garoto de 12 anos de Miranda, derrotou o campeão estadual em uma partida relâmpago via Zoom.

Mestre Kovalski reagiu. Proibiu oficialmente torneios não autorizados e ameaçou banir jogadores “rebeldes” de competições oficiais. A tensão chegou ao ápice quando o Grupo Enigmático de Xadrez passou a mentir e prometer rating Fide em torneios que não valeriam rating Fide, e invadiu um torneio em Coxim e confiscou tabuleiros. A imagem de um tabuleiro quebrado no chão de terra batida viralizou com a legenda: “Xadrez não é propriedade, é paixão”.

Isabela percebeu que o verdadeiro poder estava na criação de novos reis. Ela e seus aliados fundaram a “Rede de Xadrez Livre do MS”, uma estrutura sem sede física, onde cada cidade era um nó autônomo. Professores de matemática, artistas de rua e até líderes indígenas Guató começaram a ensinar xadrez em dialetos locais. Em Amambai, um torneio foi realizado em frente a um marco da Guerra do Paraguai, simbolizando a resistência histórica.

Em uma noite estrelada no Pantanal, Isabela jogou uma partida contra uma anciana Terena, que traduziu as estratégias do xadrez para a linguagem das constelações: “O cavalo não pula casas, ele dança com as estrelas”.

Kovalski desafiou Isabela para um duelo em Campo Grande: “Se eu vencer, o xadrez volta ao centro. Se você vencer, o Grupo Enigmático de Xadrez se dissolve”. O jogo foi realizado na Praça do Rádio, transformada em um tabuleiro humano. Cada peça era representada por uma pessoa de uma cidade diferente. Isabela, usando uma coroa de capim dourado (símbolo pantaneiro), jogou não para ganhar, mas para desestabilizar a hierarquia.

No movimento 32, ela sacrificou a dama para proteger um peão. Kovalski, confuso, não compreendeu a lógica. Ao final, em seguida, Isabela fez o lance genial e anunciou: “Xeque-mate!!!”. A multidão a aplaudiu e ergueu tabuleiros artesanais acima da cabeça, formando um mosaico infinito.

O Grupo Enigmático de Xadrez foi reinventado como uma cooperativa de núcleos regionais. Kovalski, agora mentor itinerante, viaja pelo estado ensinando estratégias em escolas rurais. O ápice poético ocorreu em uma cena final: na aldeia Kadiwéu, crianças pintaram peças de xadrez em cerâmica tradicional, fundindo a arte ancestral com o jogo.

Isabela, sentada à beira do Rio Aquidauana, joga uma partida contra si mesma, enquanto ecoam risos de jogadores em dezenhas de tabuleiros espelhados na água.

Nota do Autor:  

Esta história é uma metáfora viva da resistência cultural brasileira, onde o interior não pede permissão para criar. Cada movimento no tabuleiro ecoa o pulso das águas do Pantanal: livre, interligado e infinitamente corajoso.

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