A modelo e pedagoga Nathalia Prazeres, 37, busca ser a primeira vencedora negra e brasileira do concurso internacional Mrs. World, que acontecerá entre os dias 24 e 30 de janeiro, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Nathalia representou Mato Grosso quando foi eleita Miss Beleza Brasil, em 2022.
Prazeres é natural do Rio de Janeiro, mas mora em Cuiabá. Após se graduar em pedagogia, começou a carreira de modelo. A participação em concursos de beleza, entretanto, só se iniciou aos 27 anos, quando se mudou para São Paulo. Após se tornar miss, a carioca passou a dar palestras em escolas de rede pública, o que, para ela, fez com que entendesse como ela poderia inspirar jovens com similaridades em suas origens.
“Eu sou menina que toda a vida estudei em escola pública. Eu sou filha de motorista e uma dona de casa. Nasci em uma comunidade periférica e nunca tive muita expectativa de ascensão social”, explica a modelo.
Arquivo Pessoal
“Hoje em dia, eu pego toda essa minha experiência para levar para as escolas (…) meu maior prazer em ser uma miss é ir para as escolas e conversar com as meninas, principalmente meninas negras. Elas olham para mim e veem que ‘nossa, ela é negra e, assim como eu, estudou em escola pública’. Gosto de levar esperança para essas meninas, para esses jovens, de que onde você está hoje em dia não determina o seu futuro”, complementa.
A modelo é casada com um cuiabano e apesar de visitar o estado constantemente, só começou a morar em Cuiabá há cerca de um ano. Nesse período, ela começou a participar do Fórum das Mulheres Negras, que foi essencial em sua trajetória para encontrar pertencimento no local.
“Aqui em Cuiabá, por exemplo, nos lugares que ando, é triste falar isso, mas é a grande realidade, eu não vejo muitas negras. Sempre que vou a uma festa, sou a única negra, as outras negras ou são babás ou são funcionárias”, pontua.
“Eu encontrei um grupo que é o Fórum das Mulheres Negras, e para mim foi essencial porque é uma rede de mulheres negras que se apoiam, se indicam. A gente trabalha com questões como empregabilidade, conhecimento da nossa história, com bem-estar. Então, assim, é como se fosse uma fórmula de escape, como se fosse uma terapia”, acrescenta a pedagoga.
Arquivo pessoal

O concurso Mrs. World tem 40 anos de história, entretanto, nunca uma brasileira ou mulher negra foi eleita. A miss deseja quebrar esse paradigma e encarar ser a representante do país com uma responsabilidade.
“Quando eu vou lá para fora, eu represento mais que o Brasil. Eu represento cada uma dessas crianças, que vibram quando me veem, que festejam quando sabem que eu vou lá visitá-las. As pessoas têm achado muito glamoroso, mas eu acho que a parte mais importante são os sonhos, de tanta gente que acredita em você”, finaliza.